[Dia 16]
Ele chegou em casa ainda era dia claro. Entrou, fechou a porta e não abriu as janelas. Fechou as cortinas e acendeu um abajur.
Estava cansado, exausto, vazio! Olhou o quarto desarrumado havia dias, desanimou ainda mais. Quis morrer, desistir. Lembrou da erva pura guardada no armário, foi até lá, desembrulhou e fez um bom cigarro.
Despiu-se inteiramente, sentou-se nu diante do grande espelho e acendeu o cigarro. O quarto rodou, levitou, virou de cabeça pra baixo e pernas pro ar.
Do armário saíram roupas e mais roupas que desfilavam diante do espelho, atrás do homem que impávido, olhos fixos em si mesmo, pensava nela!
Sentiu um perfume, estremeceu inteiro... era ela, era dela, pra ela, por ela.
Mais um trago no cigarro e ela abraçou-o pelas costas, passou os dedos entre seus cabelos, beijou seus ombros e sussurrou alguma coisa suavemente em seus ouvidos, depois partiu sem que ele sequer percebesse o instante. Um frio percorreu a coluna de cima abaixo, os músculos do ventre se contraíram e ele e quase desmaiou; foram espasmos...
Levantou-se devagar e observou seu corpo no espelho a meia luz do abajur. Estava grávido, inteiramente grávido, absolutamente pleno de vida! Tinha sido ela, tinha sido dela, engravidara dela. Amava e amava tanto, e amava mais ainda...amava-se e amava a ela e respirava por si e respirava por ela.
Não percebeu que a noite já se fazia alta quando deu por si, vestido e animadamente conversando com as flores que dividiam com ele o apartamento. Foi uma longa conversa que só terminou quando ouviu o toque da campainha. Sentiu o coração disparar e temeu a morte que havia desejado.
Seria ela? Tinha certeza, tanta certeza que não olhou pelo visor, abriu a porta sorrindo.
Passados uns segundos ele fechou a porta e deu duas voltas na chave. As outras chaves ficaram oscilando como um pêndulo até que depois de algum tempo voltaram ao estado de repouso.
A empregada da casa tinha visto tudo, mas discretamente se recolheu sem dizer palavra.
Sandra May
Inspirado na música "Coisas que eu sei" - Dani Carlos
Te ler sempre nos encanta! Gostei! bjs, tudo de bom,chica
ResponderExcluirChica, que palavras "pra cima", obrigada!
ExcluirBjs
Que doideira!!!
ResponderExcluirImagina a loucura de perceber-se grávido??? hahahaha
Valeu a pena esperar... Adorei demais.
Um beijo.
Pois é...gravidez é plenitude. Esse cara foi feliz ha ha ha
ExcluirBjs e obrigada, Tais!
Gostei de seu texto, sem querer fazer trocadilho e já fazendo, um cara se sentir grávido é no mínimo interessante!
ResponderExcluirbeijinhos, Léah
Concordo com você, Léah...rsrs!
ExcluirBjs!
Nossa imaginei tantas coisas nesse teu texto... Que loucuraaaa!
ResponderExcluirAi eu queria parte 2.rsrs bjs
Acho que eu não consegui o que pretendia com o texto, que era criar uma dúvida no final se era ela ou não que tinha tocado a campainha...nem mesmo eu sei!Obrigada, Ciana. Bjs!
ExcluirEstou adorando ler e me envolver e me surpreender no fim. Leio e penso: "não conheço a música!" Chego na indicação e vejo: "nosssssssa" é incrível como a percepção de cada um muda completamente a forma de análise da canção. E isso é incrível! Adorei o texto. Nossa, mega bom.
ResponderExcluirBjoks
Obrigada, Lu...
ExcluirBjs!