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Amadora, metida a poeta. Não me levem muito a sério...rss!

40 GRAUS DE ARTE E AMIZADE ( AOS PÉS DO CRISTO REDENTOR)

O poema abaixo, escrevi inspirada na comemoração de 40 anos da trajetória  artística do artesão, design e artista plástico, Cocco Barçante. A mostra reúne trabalhos do artista e de artesãos amigos no Espaço Cultural Inter TV, à rua da Imperatriz, 327 - Centro - Petrópolis. 
Os trabalhos permanecerão expostos à visitação até dia 13 de outubro, de segunda a sexta das 10 às 17 horas. 
Bora subir a serra, o tempo está lindo, já é primavera e as flores estão colorindo toda a cidade. Visite a mostra, "40 graus de arte e amizade", e depois deixe seu comentário aqui. Tenho certeza que você vai se surpreender.
Casarão onde funciona o Espaço Cultural Inter TV


Obra de Camilo Moreira, confeccionada com componentes eletrônicos

Vem ver mais!

POEMA SEM TÍTULO

Pespontos e pontos de cruz
haste cheio ou corrente
Riscos e traços soltos
livres e estilizados
Sonhos emendados
em 40 graus de sentimentos e amigos.

É Maré é Serra é Cidade de Deus
É cidade dos homens e mulheres sem nome
sob os pés do Redentor.

Tem a mulata
o muleque
o malandro
o sambista
a pista
um trem lotado
e tem turista.

Tem as ondas
que balançam em preto e branco
nas calçadas de Copacabana
Tem garçons e copos
chope gelado
putas bêbados e bandidos
e muita gente boa
na Lapa e seus arcos.

Tem a Brasil
linha vermelha
linha amarela
bala perdida
arrastão no asfalto
Tem pouco choro
pra tanto morto.

...Neste momento outro assalto!
Subitamente suspendo o poema
enquanto o artista segue seu ritmo
de olhos postos no Cristo e seu entorno.
(Assim mesmo, sem vírgulas. Só pontos.)
Sandra May

Antes de sair deixe seu comentário, crítica ou sugestão. você me ajuda a construir este blog, obrigada!





























QUANDO VIER A PRIMAVERA


Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é. 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa