Suspiro se solta, vestido de louco,
A mão que procura se perde, arrefece,
Por ter tido muito e sobrado tão pouco.
Cortinas, espelhos, sofás, almofadas,
Imóveis na espera do que não volta,
Relembram a mágoa das noites paradas
Nos lençóis de linho em fúria revolta.
O quarto esquecido em solidão de ausência,
A mão que procura e tateia pra nada...
Navegam no escuro batéis de demência,
Que a mancha da noite morreu de cansada.
Se há gritos na rua, ou são arvoredos
Ou gente que berra no seu desvario,
Fugindo à desgraça, à sombra dos medos,
Ou pobre mendigo tremendo de frio.
Será pois da morte o escuro capote,
De cal a brancura da face sombria?
Será uma musa ditando algum mote
Pra versos de raiva pra cama vazia?
Quem há de fazer um poema perfeito,
Quintilhas ou odes à viva saudade,
Se a mão, percorrendo esse lado do leito,
Só toca na angústia da triste verdade!
A marcha das horas remarca infinito
E, lentos, os passos de quem já não vem,
Perdidos agora, não são mais que mito
Ou são cantarinhas perdidas no além.
Nas voltas e voltas, estria madura,
O sono não vem, e nas horas que vão,
Desejos de agora não são mais loucura
E a ausência não pode ter graça ou perdão.
Tito Olívio Henriques
2º lugar no concurso de Seleção de Poetas Notívagos 2001
Realização site da Magriça - Poesias e Escritos
www.notivaga.com
AINDA BEM
Que quando me olho no espelho ( ...e faço assim com frequência)
Vejo um mundo mais verde
Sempre em diferentes tons
Jade, esmeralda ou menta
Tanto faz...
Meu coração não envelhece
É coração de criança
Ainda bem!
De todos, o verde que mais gosto
É aquele que chamamos Esperança.
Sandra May / 2014
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