Não ficamos nunca no tempo presente. Antecipamos o futuro, por chegar demasiado lentamente, como para apressar-lhe o curso; recordamos o passado, para detê-lo por demasiado rápido: tão imprudentes que erramos nos tempos que não são nossos e só não pensamos no que nos pertence; e tão vãos que sonhamos com os que já não existem e eviamos sem reflexão o único que subsiste. É que o presente de ordinário nos fere. Ocultamo-lo à vista, porque nos aflige: e, se nos é agradável, lamentamos vê-lo escapar. Tratamos de sustentá-lo pelo futuro e pensamos em dispor das coisas que não estão ao nosso alcance para um tempo que não temos nehuma certeza de alcançar.
Que cada qual examine os seus pensamentos, e os achará sempre ocupados com o passado e com o futuro. Quase não pensamos no presente: e, quando pensamos, é apenas para toma\r-lhe a luz a fim de iluminar o futuro. O presente não é nunca o nosso fim; o passado e o presente são os nossos meios: só o futuro é o nosso fim. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver e, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos.
Ardemos no desejo de encontrar uma plataforma firme e uma base ultima e permanente para sobre ela edificar uma torre que se erga até o infinito; porém, os alicerces ruem e a terra se abre até o abismo.
Não procuremos, pois, segurança e firmeza. Nossa razão é sempre iludida pela inconstância das aparências e nada pode fixar o finito entre os dois infinitos que o cercam e dêle se afastam. Blaise Pascal 1623 - 1662 Pensées
"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."
Criamos a época da velocidade, mas sentimo-nos enclausurados dentro dela. Os nossos conhecimentos tornaram-nos cépticos, a nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Charlie Chaplin
VINÍCIUS FERREIRA - Na noite de sábado, a volta de um passeio em família terminou de forma trágica para o petropolitano Ulisses da Costa Cancela. O alpinista industrial, de 36 anos, voltava de uma festa, no Rio, quando entrou, por engano, na favela “Vai Quem Quer” e teve o carro atacado a tiros por traficantes. Ulisses foi atingido na cabeça. Ele foi socorrido, levado para o Hospital de Imbariê, em Duque de Caxias, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo do alpinista foi sepultado na tarde de ontem.
Segundo Farlen Macieira, que é tio de Ulisses, o sobrinho tinha ido a uma festa no Rio. Eram 22h30 quando ele retornava para Petrópolis e achou que tinha perdido o último acesso para a cidade. “O Ulisses dirigia. Ele perdeu o acesso e eles entraram no seguinte tentando fazer o retorno. O carro andou pouco mais de 50 metros quando começaram a atirar contra ele, ainda em movimento. Ele mandou que a esposa e os amigos se abaixassem e tentou fugir com o veículo de ré. Ele foi atingido na cabeça. O carro ainda chegou a colidir contra um muro”, conta o tio.
Segundo informações de parentes, depois do ataque, os bandidos ainda ameaçaram os outros ocupantes do veículo, mandando que eles deixassem o local. A esposa e os dois outros acompanhantes chegaram a ligar para a Polícia Militar, que afirmou não entrar na favela. Neste meio tempo surgiu um carro, um Chevette, que pegou o rapaz e levou até o pedágio da Concer, na BR-040, de onde ele foi levado para o hospital, onde morreu cerca de duas horas depois.
O carro, que até a manhã de ontem permanecia no local do crime, tem diversas perfurações de tiros. Ulisses foi o único ocupante atingido. “Ele foi alvejado no lado direito da cabeça. Chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu”, informa Farlen, que diz ainda que mesmo a seguradora precisou de apoio policial para retirar o veículo do local. “Isso mostra o quanto o lugar é perigoso”, afirma o tio. Revoltados, parentes criticaram a falta de sinalização na rodovia e a insegurança. No local não existe qualquer placa indicando a entrada da favela e o risco ao qual correm os motoristas.
O corpo de Ulisses foi trazido para o Instituto Médico Legal – IML, em Corrêas, ainda na manhã de domingo. O corpo foi liberado para o velório, que aconteceu na capela da funerária Oswaldo Cruz, ainda na noite de domingo. O sepultamento aconteceu às 16h30, no Cemitério Municipal. Para a família, a forma violenta como Ulisses morreu revolta. “Nós já perdemos o direito de ir e vir. Agora meu sobrinho perdeu o direito de viver. Foi grosseira a forma como aconteceu. Foi desumano”, lamenta o tio.
Ulisses era casado e estava com a esposa há dez anos. Ele trabalhava como alpinista industrial em uma empresa que presta serviço para a Petrobras fazendo manutenção em plataformas de petróleo. Segundo o tio, ele estava fazendo um curso de aperfeiçoamento e havia acabado de comprar o carro que foi alvejado pelos tiros. “A vida dele estava se organizando. Estava buscando desenvolvimento na profissão, tinha comprado um carro novo e, de repente, perdeu a vida dessa forma estúpida. A minha irmã está arrasada”, informa Farlen.
O crime agora é investigado pela 60ª Delegacia de Polícia, a delegacia de Campos Elíseos, onde foi registrado. Caberá à unidade da Baixada Fluminense identificar os autores do crime. O local onde o grupo petropolitano entrou por engano é conhecido como “Lote 15”, uma das áreas mais violentas da favela Vai Quem Quer, dominada por traficantes de droga.
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charlie Chaplin
A palavra Natureza vem do latimnatura significando nascimento. Em inglês, o primeiro registro de uso, no sentido de plenitude ou totalidade dos fenômenos do mundo, foi muito tardio e é datado de 1662; entretanto natura e a personificação da Mãe Natureza, foi extremamente popular na Idade Média e pode ter as raízes traçadas a partir da Grécia Antiga. Os filósofos pré-socráticos inventaram a natureza quando abstraíram a totalidade fenomênica do mundo em um único nome e trataram como um único objeto: physis
Segundas ou quintas-feiras
Todos os dias são iguais
Amanhece, entardeço
Anoitece, amanheço
Todos os dias são iguais
Se chover, brilho
À luz do sol, chovo
Todas as noites são iguais
Toda as noites são iguais
Amanhecerá
Virá o renôvo?
Um novo dia
Sem tanta esperança
Quebrada está a aliança
No coração do Brasil...
Se faz verão, esfrio
Em noites frias, aqueço
Reflito Brasil
Qual o seu preço?
Desconheço
Me compadeço
Desiludida, adormeço
Sem sonho...
Acordo febril. Sandra May/2015
Em tempos de guerra, nunca pare de lutar... Sandra May/ 2015
A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo É minha pátria. Por isso, no exílio Assistindo dormir meu filho Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi: Não sei. De fato, não sei Como, por que e quando a minha pátria Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água Que elaboram e liquefazem a minha mágoa Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias De minha pátria, de minha pátria sem sapatos E sem meias, pátria minha Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho Pátria, eu semente que nasci do vento Eu que não vou e não venho, eu que permaneço Em contato com a dor do tempo, eu elemento De ligação entre a ação e o pensamento Eu fio invisível no espaço de todo adeus Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido De flor; tenho-te como um amor morrido A quem se jurou; tenho-te como uma fé Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito Nesta sala estrangeira com lareira E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra Quando tudo passou a ser infinito e nada terra E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz À espera de ver surgir a Cruz do Sul Que eu sabia, mas amanheceu...
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha Amada, idolatrada, salve, salve! Que mais doce esperança acorrentada O não poder dizer-te: aguarda... Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para Rever-te me esqueci de tudo Fui cego, estropiado, surdo, mudo Vi minha humilde morte cara a cara Rasguei poemas, mulheres, horizontes Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta Lábaro não; a minha pátria é desolação De caminhos, a minha pátria é terra sedenta E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular Que bebe nuvem, come terra E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem Uma quentura, um querer bem, um bem Um libertas quae sera tamen Que um dia traduzi num exame escrito: "Liberta que serás também" E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa Que brinca em teus cabelos e te alisa Pátria minha, e perfuma o teu chão... Que vontade me vem de adormecer-me Entre teus doces montes, pátria minha Atento à fome em tuas entranhas E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha Teu nome é pátria amada, é patriazinha Não rima com mãe gentil Vives em mim como uma filha, que és Uma ilha de ternura: a Ilha Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia E pedirei que peça ao rouxinol do dia Que peça ao sabiá Para levar-te presto este avigrama: "Pátria minha, saudades de quem te ama… Vinicius de Moraes."
Professor Marcelo Freire, analisando "Canção do exílio," de Gonçalves Dias (1823-1864)
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac
Eu sonhei com você E acordei sem querer E queria continuar E foi tão bom imaginar Você também a me sonhar Um sonho tão real assim Não pode ter nascido só pra mim Ora direis, ouvir estrelas Perdeste o senso, meu bem Ou tudo foi brincadeira Me deixe saber o que os anjos sentem por lá Mas fale bem perto, baixinho, pra eu não acordar
Um sonho tão feliz assim Não deveria ter mais fim Eu quero voltar a escutar Dos seus lábios, galáxias dizendo que sim. Arnaldo Antunes
Belchior ( A Divina Comédia Humana)
Intertextualidade
Por intertextualidade1 entende-se a criação de um texto a partir de outro pré-existente. A intertextualidade pode apresentar funções diferentes, as quais dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida, ou seja, dependendo da situação. Exemplos de obras intertextuais incluem: alusão, cotkahdoação, versão, plágio, tradução, pastiche e paródia. 234
O termo intertextualidade, em si, transformou-se muitas vezes desde que foi criado pela pós-estruturalista Julia Kristeva em 1966.5 Como o filósofo William Irwin escreveu, o termo "passou a ter tantos significados, que os usuários, desde aqueles fiéis à visão original de Kristeva até aqueles que simplesmente o usam como uma forma elegante de falar de alusão e influência."
Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao "conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode ocorrer ou não em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma.6 O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextualidade na pintura.
Na publicidade, por exemplo, em um dos anúncios do Bombril, o ator veste-se e posiciona-se como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, sob o slogan "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". Assim sendo, o leitor é levado a acreditar que o produto deixa a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso, pode-se dizer que a intertextualidade assume a função de não só persuadir o receptor como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura etc).
Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.
Com a chegada de imigrantes europeus no Brasil, as ideias de princípios e leis trabalhistas vieram junto. Em 1917 houve uma Greve geral. Com o fortalecimento da classe operaria, o dia 1º de Maio foi declarado feriado pelo presidente Artur Bernardes em 1925.689
Até o início da Era Vargas (1930-1945) certos tipos de agremiação dos trabalhadores fabris eram bastante comuns, embora não constituísse um grupo político muito forte, dado a pouca industrialização do país. Esta movimentação operária tinha se caracterizado em um primeiro momento por possuir influências doanarquismoe mais tarde do comunismo, mas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenciados pelo que ficou conhecido comotrabalhismo.9
Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aqueles movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas do país. A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transforma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Trabalhador. Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. Na maioria dos países industrializados, o 1º de maio é o Dia do Trabalhador. Comemorada desde o final do século XIX, a data é uma homenagem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano. No Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacional em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur Bernardes.689
Aponta-se que o caráter massificador do Dia do Trabalhador, no Brasil, se expressa especialmente pelo costume que os governos têm de anunciar neste dia o aumento anual do salário mínimo. Outro ponto muito importante atribuído ao dia do trabalhador foi a criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, em 01 de maio de 1943
ECLESIASTES 3
Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.