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Amadora, metida a poeta. Não me levem muito a sério...rss!

VIVENDO DE HIPOCRISIA


Todo dia é tempo
De matar um leão por dia
De tanto cinza e asfalto
Dos reluzentes autos
Circulando por várias vias
Viadutos
Vales.

De tanto assalto
de sangue e salto
Os palhaços nem se dão conta
Da fumaça 
Dos seus canos de descarga
Dos canos da desgraça
Desgraça!
Desgraça!
Desgraça!

Sufoco, suor e pele ressecada
De tanto ar quente e ar frio
De tanto ar frio e ar quente.

Vida levada na porrada
Tiro pra todo lado
Fuzil, a arma pesada
Nas mãos de pessoas indiferentes
Que acorda a gente no melhor do nosso sono
Quando sonhamos...???
Na madrugada.

Amanhece, olho o céu
Reconheço que estou viva
Dou graças a Deus.

Preciso escrever qualquer poesia
Que seja um "Bom dia"
Juntar todas as minhas forças
Matar o leão da vez.
Sandra May





QUANDO DÓI É PRA VALER



Busquei no tempo
Palavras, silêncios e canções
Que pudessem te traduzir

Visitei amigos
Conversei com pessoas
E não pude me traduzir

Esse tempo e o espaço
Que me separam de ti,
Minha mãe,
São anos luz!

Sendo assim
Só me restam as lágrimas
Um vazio e  solidão
Por você se ausentar..
Sandra May





CONSOLO NA PRAIA

Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o "humour"?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

Carlos Drummond de Andrade